sábado, 24 de março de 2018

O EVANGELHO SEGUNDO ABRAÃO

Texto: Gálatas 3.1-9

1Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado? 2Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? 3Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne? 4Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão. 5Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé? 6É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. 7Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. 8Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. 9De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.

O contexto dessa passagem mostra as Igrejas da Galácia sendo enganadas pelos falsos mestres. De acordo com o verso 1 Paulo havia pregado o evangelho a eles de tal modo que é como se tivessem visto com os próprios olhos a crucificação de Jesus.
Mas agora, os crentes haviam abandonado essa mensagem e estavam seguindo a doutrina dos judaizantes que diziam que era necessário cumprir os ritos da lei e ser circuncidado para ser salvo. Por isso a reação do apóstolo é avassaladora: ele os chama de “insensatos” e pergunta se alguém os teria enfeitiçado.
A briga de Paulo era por causa daquilo que no capítulo 2 ele chama de a verdade do evangelho, a saber, que os pecadores são justificados diante de Deus não por alguma obra que fizeram, mas por causa da obra consumada de Jesus Cristo.
Para Paulo, portanto, o evangelho não é um convite para que façamos alguma coisa, mas uma de­claração do que Deus já fez tudo por nós. 
No texto ele argumenta a partir de três perspectivas:

1. Em primeiro lugar, Paulo apela para a experiencia que tiveram com o evangelho (v.2-5):

2Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?  3 Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?  4 Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão.  5 Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?”

No verso 2 ele pergunta basicamente o seguinte: “vocês receberam o Espírito porque obedeceram à lei ou porque creram na mensagem que ouviram?” em outras palavras, Paulo está perguntando: o que vocês fizeram para receber o Espírito Santo? Vocês tiveram alguma participação nisso ou Ele vos foi dado porque vocês creram na obra consumada de Cristo?
“Outra coisa”, ele diz no verso 5, “acaso o Deus que lhes deu o Espírito e realizou milagres entre vocês agiu assim porque vocês obedeceram a lei ou porque creram na mensagem do evangelho?”
É uma pergunta retórica e a resposta é óbvia: “nós recebemos o Espírito e Ele realizou milagres entre nós não porque cumprimos a Lei, mas porque cremos no Cristo crucificado”.
“Ora, se isso é verdade”, diz Paulo, “então porque vocês estão dando ouvidos aos falsos mestres e voltando aos ritos da lei? Será que vocês perderam o juízo?
Essa é a primeira argumentação de Paulo.

2. Na segunda argumentação, o apóstolo passa a demonstrar que desde os dias do Velho Testamento a justificação é pela fé em Cristo Jesus e não por obras da Lei (v.6-7):
6É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. 7Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.”

Aqui ele cita Gênesis 15.6 que diz que a justificação de Abraão aconteceu porque ele creu na promessa de Deus sobre a vinda do Descendente e is­so lhe foi imputado para justiça.
Sendo assim, Abraão foi justificado porque creu e não porque cumpriu a lei, afinal a lei foi dada 430 anos depois da promessa (v.17). Ele simplesmente creu.
Na sequência Paulo aplica esta verdade dizendo: “ora, se Abraão foi considerado justo porque simplesmente creu em Deus, logo os verdadeiros filhos de Abraão são aqueles que creem e não os que tentam cumprir a lei”: “Sabeis, pois, que os da fé é que seio filhos de Abraão.”

3. No terceiro argumento, Paulo vai mostrar que os gentios são sim filhos de Abraão, não pela circuncisão, mas pela fé em Cristo Jesus (v.8-9):

Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos.  9 De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.”

De acordo com Paulo, a promessa de Deus a Abraão em Gênesis 12.3 em ti serão benditas todas as famílias da terra”, era o anúncio do evangelho, a saber, que os gentios seriam justificados pela fé em Cristo.
A bênção de que ele fala é a justificação e o meio pelo qual essa bên­ção seria herdada é a fé em Jesus Cristo. De modo que quando os gentios se unem a Cristo pela fé eles também herdam a bênção de Abraão e se tornam seus filhos.
Em Efésios 3.6 ele diz: a saber, que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho”.
Esta é uma declaração bombástica para os ouvidos dos judaizantes, pois achavam que somente eles eram a descendência de Abraão. Mas Paulo mostra que a intenção pactual de Deus, desde o princípio, era justificar tanto judeus como gentios pela fé em Jesus Cristo, afinal, Deus não é apenas dos judeus, mas também dos gentios.
Com esse argumento, Paulo está provando aquilo que já deixou claro em Romanos 9.6, a saber, que os verdadeiros descendentes de Abraão não os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa, ou seja, homens e mulheres que partilham da mesma fé de Abraão.
E se isso é verdade, então, os gálatas não tinham razão em voltar aos ritos da lei pois tal atitude era uma contradição ao evangelho da justificação pela fé que havia sido ensinado nas Escrituras desde os dias de Abraão.
APLICAÇÃO 
Uso 01: Esse texto serve para nos ensinar que o Evangelho do Novo Testamento é o mesmo Evangelho do Antigo Testamento. Deus pregou o evangelho a Abraão e este é o mesmo evangelho que o apóstolo Paulo está pregando aos gálatas. Paulo não está inventando nada novo, mas apenas explicando a Escritura do Velho Testamento. Sendo assim, nós estamos no mesmo evangelho de Abraão.

Uso 02: Esse texto serve para nos ensinar que não há dois caminhos de salvação, mas apenas um: Jesus Cristo crucificado. Portanto aqueles que pensam que no Antigo Testamento Deus salvava pecados por meio da Lei estão totalmente equivocados. Deus anunciou o evangelho da justificação pela fé em Cristo Jesus a Abraão e esta é a mensagem de Paulo e a nossa hoje. Somos salvos porque confiamos na obra consumada de Cristo e não porque cumprimos a Lei. Desde Gênesis foi assim.

Uso 03: esse texto nos ensina quem são os verdadeiros filhos de Abraão. Os verdadeiros filhos de Abraão são os da fé em Jesus Cristo e não os descendentes físicos. Todos os gentios que, pela fé, estão unidos a Jesus Cristo, são descendentes de Abraão.

Uso 04: por fim, esse texto nos ensina que Deus não está no convidando para cumprir a lei a fim de recebermos a grande benção da justificação. O convite do evangelho é para que depositemos nossa confiança na obra consumada de Cristo Jesus, pois Ele já cumpriu toda a lei em nosso lugar. Tudo o que precisamos fazer é depositar nossa confiança Nele, e Deus nos justificará em seu tribunal.

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