Gálatas 3.10-14
“Todos quantos, pois,
são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito
todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para
praticá-las. 11 E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante
de Deus, porque o justo viverá pela fé. 12 Ora, a lei não procede de
fé, mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá. 13
Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em
nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em
madeiro), 14 para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em
Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.”
Nesta segunda sessão, Paulo
argumenta que a Lei não pode justificar pecadores. Isso não pode acontecer por
uma razão simples: o pecador é transgressor da lei, portanto não pode cumprir
tudo o que a lei ordena.
1. Primeiro argumento: Ele
começa no verso 10, afirmando que todos, sem exceção, que confiam na lei como
meio de justificação, estão, na verdade, sob a maldição da Lei.
E por que? Ele responde citando Deuteronômio 27.26, onde
está dito que a Lei exige perfeição daqueles que confiam
nela. Portanto, aqueles que fracassam
em guardar a Lei perfeitamente estão sujeitos ao seu
julgamento.
Com isso, Paulo está mostrando que ao dar a sua lei, Deus não intentava
salvar os pecadores por meio dela, mas sim condená-los. Conforme o versículo 19,
a função da Lei era revelar e denunciar o pecado, nos tornando assim
conscientes da nossa própria malignidade, a fim de que, por esta constatação,
pudéssemos clamar por um substituto que a cumprisse em nosso lugar. Ou seja, a
função da Lei era nos conduzir a Cristo.
Ora, sendo isso verdade, o caminho das obras ensinado pelos falsos
mestres é um caminho de morte que levará o pecador a encontrar, não o favor de
Deus, mas a sua justa condenação.
Para reforçar esse primeiro argumento, Paulo cita novamente Escritura
(v.11) onde demonstra que é evidente que, pela lei ninguém é justificado diante
de Deus, porque ninguém é capaz de cumpri-la totalmente e a os profetas vêm
declarando desde há muito tempo que “o justo viverá pela fé”.
Além disso, no verso 12 Paulo argumenta que é impossível ser justificado
pela lei porque lei e fé são coisas diferentes. A fé apenas descansa no que Cristo fez e
assim recebe humildemente a vida da parte de Deus. Mas a Lei diz que só terá
vida aquele que obedecer a tudo o que ela ordena. Segundo Paulo, são dois
caminhos totalmente diferentes que levarão o pecador para lugares totalmente
opostos.
2.
Segundo argumento: Na segunda parte da
argumentação, Paulo mostra que, por sua morte na
cruz, Cristo redimiu judeus e gentios da maldição da lei, para que, por meio da
fé, recebessem a bênção da justificação prometida a Abraão em Gênesis 12.3: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele
próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que
for pendurado em madeiro)” (Gálatas
3.13).
Depois de ter falado
sobre Abraão e passando por Moisés, Paulo chegou ao descendente a quem se fez a
promessa, Cristo.
Segundo ele, aquilo que
a Lei não pode fazer (que é justificar o pecador), o nosso substituto fez uma
vez por todas na cruz. Ele nos resgatou da maldição pronunciada pela lei, tomando
sobre si mesmo a maldição que deveria recair sobre nós, como diz Pedro “o justo pelos injustos”
(1Pe 3.18). E isso ele fez
para cumprir a Escritura que diz: “Maldito
todo aquele que for pendurado num madeiro”.
Paulo está citando a Lei e nos fazendo lembrar dos dias do Velho
Testamento, quando o criminoso condenado à execução era pendurado em um madeiro
como símbolo da rejeição divina. Assim também Cristo, foi pendurado no madeiro
romano, fora de Jerusalém, para demonstração pública de que Ele morreu sob a
maldição de Deus.
Este é o caminho do evangelho: Jesus Cristo fez por nós o que não
poderíamos fazer por nós mesmos. Ele não somente cumpriu toda a lei, vivendo
uma vida perfeita por nós, como também sofreu o terrível julgamento da Lei que
é a maldição que ela promete aos seus transgressores.
Sendo assim, a única alternativa plausível para escapar da maldição da
Lei, não é pelas nossas próprias obras (pois da perspectiva da lei nós somos
transgressores), mas pela obra que Jesus Cristo fez como nosso substituto na
cruz.
Poderíamos resumir todo o argumento de Paulo da seguinte maneira:
1. Primeiro: toda pessoa que tenta se aproximar de Deus pela observância da lei,
experimentará a Sua maldição e o Seu desprazer, porque Deus é perfeito e exige
perfeição absoluta, coisa que nenhum pecador pode atingir por ser um
transgressor da lei.
2. Segundo: Cristo fez por nós o que não poderíamos fazer por nós mesmo: “Ele mesmo se fez maldição em nosso lugar” recebendo
em suas costas a justa condenação da lei. E assim, todo aquele que depositar sua confiança em sua obra consumada,
recebe o favor de Deus e é abençoado com a benção da justificação prometida a
Abraão em Gênesis 12.3.
O resultado de tudo isso pode ver visto no verso 14 onde Paulo diz que,
pela fé em Cristo,
que é o descendente abençoado, a benção da justificação prometida a Abraão
alcança não sós os judeus crentes, mas também os gentios, de modo que o
Espírito Santo também lhes é concedido como parte da promessa a Abraão.
Em Cristo, portanto, a
benção de Abraão se torna uma realidade de modo que todos os que estão unidos a
Ele são abençoados com Ele.
Isso de tal modo que
quando os gálatas receberam o Espírito e foram batizados em Cristo, foram
trazidos escuridão existencial para dentro da comunidade da aliança e se
tornaram verdadeiros descendentes de Abraão e herdeiros da promessa.
APLICAÇÃO:
USO 01: Esse texto
serve para nos ensinar que desde o princípio do mundo, ninguém nunca foi salvo
por cumprir a lei. Desde os dias do Velho Testamento a salvação é pela fé em
Cristo, o descendente abençoado. Abraão sabia disso, Moisés e os profetas
também tinham ciência desse fato. A prova disso é que Paulo cita Moisés e os
profetas como prova Bíblica de sua doutrina. Como vimos, o objetivo de Deus ao
dar sua lei aos descendentes de Abraão era revelar o pleno conhecimento do
pecado (Rm 7.7) e não conceder
salvação. Sendo assim, a lei não foi dada para que provássemos que somos
santos, mas para provar que somos pecadores. O objetivo final disso era fazer
com que o pecador, em tendo conhecimento pleno disso, pudesse clamar por Cristo, o substituto fiel
que cumpriu toda a lei em nosso lugar. A função da Lei era nos conduzir a
Cristo.
USO 02: Esse texto
serve para nos ensinar que desde o princípio do mundo os pecadores foram salvos
pela fé no descendente de Abraão. Este é o argumento de Paulo nessa passagem: por sua morte na cruz, Cristo redimiu judeus e gentios da maldição da
lei, para que, por meio da fé, recebessem a bênção da justificação prometida a
Abraão. Ele foi o único que cumpriu a Lei e satisfez
toda a justiça de Deus, efetuando assim o resgate daqueles que estavam
condenados pela lei. E todo aquele
que depositar sua confiança em Sua obra consumada, recebe o favor de Deus e é
abençoado com a benção da justificação.
USO 03: Esse texto
serve para nos ensinar que desde o princípio do mundo o objetivo de Deus era
salvar pessoas do mundo inteiro e não apenas a descendência física de Abraão. Essa
foi a promessa do evangelho a Abraão: “em ti serão benditas todas as famílias da terra.”
E aqui Paulo nos diz que o resultado da obra consumada de Jesus alcança não só os judeus, mas
também os gentios do mundo inteiro, de modo que o Espírito Santo é concedido aos
gentios como testemunha de que pertencem à aliança e de que são verdadeiros descendentes
de Abraão e herdeiros da promessa de Gênesis 12.3.